sexta-feira, 26 de agosto de 2011

• A dor da perda

Muito me fartei eu de lamentar a minha sorte, quando com ela vivia!... Que o dinheiro não queria nada comigo... que não conseguiria nunca realizar os seus sonhos vãos... que isto, que aquilo... etc. 

Hoje eu não a tenho mais a meu lado. E compreendo agora o que era o mais importante. E era o tê-la a meu lado.

Cego que eu era, não via a riqueza que detinha. E como estou a viver na pobreza hoje... Ainda que rico de bens materiais eu até pudesse ser no presente. Nada tem valor agora sem ela.

Porque me não curou ela desta cegueira minha, com a sua sagacidade? Porque nunca me fez ver que a estava perdendo de verdade? Porque teve de ser que eu e ela nos apartássemos um do outro, se nem eu e nem ela deixámos de nos gostar e nem seremos agora felizes separados?...

Agora que ela o seu despertar fez e os encantos meus p'ra ela se desvaneceram, eu nada valho. Qualquer um sempre será melhor do que este desgastado homem no seu coração de fêmea. Mas eu ainda não tenho quem a substitua a ela. Nem consigo vislumbrar, pois minha cegueira é a falta dela o que a torna incurável agora...

Há todavia a consciência em mim que jamais serei dela de novo nesta vida. E até lhe pedi quando a Fátima os seus passos a levaram, faz algumas luas a esta parte, que rezasse por este ateu e à santa rogasse pela minha fortuna retornar. Na forma de outra mulher companheira igual a ela.

Eu sou um homem bom. Creio em mim. E se já aquilo que sempre ela me deu nunca mais o saborearei, acredito que continuo a merecê-lo receber as mesmas bençãos vindas de futuro de outra deusa.

E essa fé terá de me deixar ser livre dela. Para que ela também seja livre de mim. Para que os meus estados de alma não a prejudiquem. Porque eu posso prejudicá-la. Porque eu não sou de ferro e nem de barro. E ela magoa-me. E eu nem lhe posso passar essas minhas mágoas que dela me tombam. Porque ela ficará triste. E eu não a quero triste.

Mas não tenho conseguido calar minha tristeza mais. E o abrir o meu peito para ela, ainda que só um pouco, já lhe fez mal. Se o expusesse todo, que seria então!... Mas não. Nem ela entenderia. E nem me escutaria. E só ripostaria com as mágoas que eu também lhe causei no passado. Nesse passado que temos de apagar das nossas memórias.

É triste o fim do amor e da paixão. Sobretudo de uma forma que nos parece estúpida. E sem poder contar tudo o que nos vai dentro. But I shall overcome. Eu vou conseguir erguer-me de novo. E vou ser melhor. Já o venho sendo.
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Para escutar a banda sonora original (ost) deste post, clicar aqui.

2 comentários:

S* disse...

Mais vale expor a dor, deixá-la sair, evidenciar-se... e depois acalmar.

Giuseppe Pietrini disse...

Obrigado pela tua visitinha, cara S*...

Sim, tu o sabes bem como devemos ter uma atitude sábia perante a vida. Como tu mesma procurarás ter sempre. Eu acho que faço justamente o que tu aconselhas. E que o vou conseguindo fazer benzinho...

Um abraço p'ra ti e p'ró teu "mais-que-tudo". Uma bruxa disse-te um dia que parecia que tu o querias vender... Não será o caso. Mas nota que todos nós já começamos a gostar do rapaz pelo que tu dele vais partilhando. Sabes concerteza a sorte que tens, nem é preciso lembrar-te.