sábado, 17 de setembro de 2011

• Nothing

Mesmo no final do romance "Os Maias", de Eça de Queirós, João da Ega, alter-ego do autor, diz esta frase para Carlos Eduardo da Maia, do qual era sua sombra inseparável:
"Falhámos a vida, menino!..."
Eu bem quis, depois da leitura desta obra que me marcou, sempre procurar evitar ter de dizer o mesmo para mim próprio. Mas não o consegui. E admito-o, finalmente. Falhei a minha vida.

Dei cabo dela e arrastei comigo para uma vida sem rumo outro ser que me fez companhia de jornada. Desde pouco depois do 11 de Setembro de 2001... até ao dia seguinte ao meu último aniversário. Que é a 29 de Outubro. Quando cumpri meio século de existência neste mundo dos mortais.
Foi mais ou menos há um ano atrás, também neste mês aziago de Setembro, que descobri que esse ser tinha começado a sonhar o seu futuro sem mim. E já o vinha fazendo desde há dois a três anos a essa parte...
O céu então caiu-me em cima da cabeça. E o castelo de cartas que a minha vida era - e continua a ser - desmoronou-se, que nem as Twin Towers do World Trade Center de New York... E tal como o mundo mudou nesse Setembro de 2001, eu também mudei nesse verão índio de 2010. Prenúncio do outono da minha vida.
Desde há um ano, no término das minhas últimas e felizes férias, tenho este fado que mais se assemelha a um fardo. Que hei-de carregar até ao fim dos meus dias. Que me faz andar em permanência a questionar-me...
Como foi possível eu ter sido tão canalha com um anjo que os deuses me ofertaram?
Como foi possível eu ter feito esse anjo caridoso virar um aparente monstro p'ra mim, mesmo não sabendo da canalhice do meu lado?
Como foi possível eu ter sido tão estupido e cego?
Como foi possível eu não ter querido ler os sinais que estiveram sempre diante dos meus olhos?
Como é possível eu ter raiva apenas de mim?
Como é possível eu continuar a gostar desse anjo?
Como é possível também, que esse anjo não me seja hostil?
Como é possível, apesar de tudo, não poder haver mais esperança?
Como é possível que palavras algumas não possam já ser trocadas entre nós, sem que estas nos magoem, mesmo que de afecto e carinho se tratem?
Porque tenho eu de arrancar o coração fora do peito?
A esta última questão, acho que vou sabendo ter resposta. É para eu não enlouquecer de dor... já que de arrependimento, nada há a fazer.
E de agora em diante viver o vazio. O nada.
A nossa interacção nesta terra, digo a minha com esse anjo, começou e terminou da mesma maneira: por sms...
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Para escutar a banda sonora original (ost) deste post, clicar aqui. Esta melodia não me saiu da mente esta semana toda que findou...

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