sábado, 13 de abril de 2013

• Bakardadea*

Já ultrapassei a fase do "onde é que eu vou encontrar neste mundo todo alguém que me compreenda como ela o fazia?…". Afinal, já conheci muita gente com a qual tenho ou posso vir a ter não poucas afinidades. Nestes últimos dois anos e meio. 

E conheci esses seres humanos singulares entre, por exemplo, confrades ou confradessas bloggers. Em redes sociais, como o fatídico feicebuque e outras que tais, que há p'rái tantas que nem se imagina. Entre gente que me encontra na net através dos mais diversos meios de comunicação e fontes de informação, até quem procura emprego, tal como eu. E também na vida real, claro.

O céu principiou a clarear para mim. Algo titubeante de início mas agora a um ritmo muito mais frenético. 

Hoje em dia estou na fase de ter frequente carência dos afectos a que me habituei. Mal. Por causa dela.

Alguém que me é muito querido contou-me outro dia uma piada ligeira. Que reza assim: ir ao McDonald's comer só uma sopa é como ir a uma casa de meninas pedir só um abraço…

Isto fez-me pensar… Eu gosto de ir ao McDonald's ou a uns poucos de outros restaurantes de fast food. Portuguesa ou internacional.

Muita gente é absolutamente avessa a entrar num McDonald's. Que aquilo é muito "americanalhado", que não é saudável, que induz a obesidade, que é algo até culturalmente empobrecedor da nossa identidade, que é preciso darmo-nos ao trabalho de encontrar soluções melhores e não tão fáceis para a nossa dieta alimentar, etc.. 

Eu p'ra mim tenho que quando andamos bem famintos no meio de um mato sem cachorro e damos de caras com um McDo isso é muito bom! E até gosto mesmo de lá ir tão-só porque eles estão lá. Fazem parte do horizonte.

Todos nós temos medos, fobias, preconceitos e manias com que nos censuramos e auto-limitamos de sobra, eu acho! Eu não embarco nessa de não ser cliente de serviços de fast food.

É claro que a slow food é mais aconselhável! Mas exige todo um outro investimento da nossa parte. Que por vezes podemos nos dispensar de o ter. Para quê ter sempre connosco o máximo da exigência? De vez em quando uma solução instantânea para uma necessidade pessoal não tem de ser forçosamente uma má opção.

E além disso, todos precisamos de sobreviver. Devemos promover a inclusão de todos nesta sociedade onde temos de partilhar tempos e espaços. E há lugar para todos. E o que é urgente é saber colocarmo-nos na pele do outro. Antes de o condenar e ostracizar. Sem mais nem ontem. Só porque sim.

Já fui feliz em alguns McDonald's. Mesmo só com uma sopa, que mais não queria. E procurei sempre fazer sentir aos seus empregados que não estavam simplesmente a prestar-me um serviço. Estavam a ajudar-me. E que eu lhes sou grato. E antes de sair alguma alegria fiz questão de lhes querer deixar nos seus corações. Corações esse deles que são iguais aos de todos nós, os outros que lá vão.
______________________________________________________

* Loneliness, na estranha mas orgulhosamente só língua do país basco, nação valente e nobre povo. Tal como nós.

4 comentários:

Catarina disse...

Lá para o fim do texto ainda se fala mesmo no McDonalds? Curiosidade...

Gostei da piada do McDonalds e da casa de meninas e concordo, raramente vou ao McDo mas se vou não é para comer sopas :)

Giuseppe Pietrini disse...

Benvinda, Poppy, cara confradessa blogueira com nickname de DJ famosa...

A tua sagacidade é admirável! Percebeste logo que aquilo que escrevi também se pode aplicar ao Burger King ou a outros lugares where one can have fun...

E a propósito de "sopas", vou partilhar contigo um fait divers curioso. Aproveito assim também o pretexto para encaixá-lo neste meu blog. Clica aqui, se quiseres ver.

Beijim! ;-)
Giuseppe
Um outro blog meu
O meu facebook

Catarina disse...

Este é um daqueles momentos em que especulo se me deveria sentir burrinha ou simplesmente distraida... Não tinha conhecimento que havia uma DJ com o nome Poppy :p

Poppy de papoila, Mary Poppy, por semelhança com Mary Poppins, a do filme, não a DJ :)

Hum... No Japão, há um part-time (já me cansei a tentar procurar o nome dessa "profissão" e não consigo, tenho de tentar reencontrar o episódio do Odisseia onde vi isso, se encontrar eu partilho o "nome"), do qual me lembrei ao ler essa notícia, em que jovens, por norma adolescentes, disponibilizam o seu tempo para passar com homens, vão ao cinema, fazem jogos, enfim, pequenas damas de companhia, o serviço é pago e "supostamente" não há envolvimento sexual, mas é nesse supostamente que reside a dúvida...

Será que a sopa afinal em vez de ser uma sopa levezinha daqueles pós, não será afinal uma daquelas sopas, estilo sopa da pedra, que levava carne com fartura e outras coisas?
Fica a dúvida, fica o supostamente :)

Beijo

(eu estou a brincar como é óbvio, espero que não seja mal interpretada)

Giuseppe Pietrini disse...

Nada mal interpretada, Maria Papoila blogueira. Tásse bem, somos dois espíritos superiores a coisas pequenas, presumo. Mas a dúvida tem de ficar por aqui! Embora eu imagine que a dúvida tua não existe de todo...

Não vi esse documentário no Odisseia. Com pena minha, porque devoro tudo o que é nipónico. Mas já tinha conhecimento dessa realidade. Que no fundo é algo que a institucional geisha já tem como funções. E estas também não têm envolvimento sexual com o seu cliente, a não ser de vontade própria e geralmente só ao fim de anos de relacionamento regular.

E aqui vai o desvendar do mistério da DJ Poppy. Clica aqui, se te aprouver.

Maizum jinho! ;-)
Giuseppe